Refazendo a UNE – Resumo de tese ao 53º CONUNE

A discussão a cerca da representatividade e legitimidade da entidade máxima das e dos estudantes brasileiros é antiga, tão quanto os argumentos de quem defende construí-la ou substituí-la, e se transformou, hoje, em uma demarcação esvaziada de espaço.

É verdade que a UNE é dirigida, majoritariamente, há mais de duas décadas pela mesma força política (UJS/PCdoB e seus parceiros). Isso engessou a luta estudantil e transformou a UNE em um espaço de legitimação da política do governo federal na última década. A UNE está distante da sua base social e seus congressos pouco avançam na perspectiva da juventude. Ou seja, a leitura crítica dos setores que romperam com a UNE não é equivocada. O equívoco reside na ruptura em si, na estratégia que foi adotada, que mais confunde do que esclarece, dividindo os espaços de construção entre “os que lutam pra cá” e os “pelegos pra lá”. Essa postura só favorece os nossos inimigos de classe.
A UNE deve ser defendida enquanto entidade representativa das e dos estudantes, enquanto espaço de debate e disputa de idéias e opinião, jamais compreendida como um partido como pretendem burocratas (PCdoB e parceiros) e divisionistas (PSTU e parceiros).
A função de cada estudante e seus coletivos deve ser a de disputar os rumos da UNE combinado com a luta por transformar a Universidade por inteiro:
o respeito aos Direitos Humanos, a luta contra a privatização do ensino e o combate a implementação da EBSERH – que tira a autonomia universitária, põe em risco o tripé da educação e precariza o vinculo das e dos trabalhadores. Defender a universalização do ensino e uma real reforma universitária, com garantia do acesso e permanência a todos e todas, e fazer a disputa por uma educação emancipadora, livre do machismo, racismo e homofobia.
A UNE deve defender irrestritamente o Passe Livre e garantir o direito da MEIA ENTRADA PARA JUVENTUDE (sem limitações, como pretende a majoritária da UNE) em eventos socioculturais e esportivos. Posicionar-se a cerca das questões da política nacional, resgatando a histórica campanha “O PETRÓLEO É NOSSO”, pautando o Governo contra os leilões do petróleo, e exigir que haja a Justiça Histórica aos crimes da ditadura.
Mas também da política internacional, como a luta contra a invasão estrangeira no Oriente Médio, o intervencionismo na America Latina e a retirada das tropas brasileiras do Haiti. Dessa forma, construir e consolidar a democracia estudantil, colaborando com a compreensão da sua identidade de classe.
Para uma grande transformação da UNE pela base é necessário transformar os seus espaços de discussão, democratizando as suas instâncias e fortalecendo as relações da nossa entidade com os demais movimentos sociais. É nesta perspectiva que defendemos ELEIÇÕES DIRETAS PARA A UNE, o que possibilitará uma maior discussão na base e transparência nas ações desta entidade. Isso acabará com o que acontece hoje quando, de dois em dois anos, as forças políticas fazem gincana na tiragem de delegados(as), e dificultará o controle da burocracia da UNE em se manter na direção (por isso que a majoritária se opõem radicalmente a essa medida).
Precisamos deliberar a construção de um amplo plebiscito nas universidades a cerca das “Diretas na UNE Já”, mobilizando os DCE´s de todo o país, no intuito de ouvir as e os estudantes das mais diversas regiões sobre os rumos da UNE.
Devemos também, propor a retomada do diálogo com as Executivas e Federações de curso. Propomos que essas entidades constituam-se enquanto diretorias plenas da UNE, firmando um vínculo de construção. Se hoje parte das executivas se encontram no mais absoluto sectarismo e sendo terreno propício para oportunistas, “reencarnações dos grandes revolucionários”, deve-se ao abandono da UNE durante esse tempo.
Esse é o nosso resumo ao 53º CONUNE, esperamos contribuir para juntos irmos REFAZENDO A UNE das e dos estudantes.
“MUDAR O MUNDO MEU AMIGO SANCHO, NÃO É LOUCURA,
NÃO É UTOPIA, É JUSTIÇA”

Dom Quixote de la Mancha

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