A UNE, a Cultura e a Bienal

A história da União Nacional dos Estudantes (UNE) e os seus 80 anos, está diretamente ligada aos movimentos das artes e da cultura no Brasil. Foi assim com os Centros Populares de Cultura (CPCs da UNE), criado em 1961 e reunindo artistas de diversas linguagens: teatro, música, cinema, literatura, artes plásticas, etc. Os CPCs tinham como objetivo a tentativa de construção de uma “cultura, nacional, popular e democrática”. A ideia concebida do projeto dizia a respeito à noção de “arte popular revolucionária”, como instrumento privilegiado da revolução social. Defendendo o caráter coletivo e didático das artes, e do papel engajado e militante do artista, influenciando uma série de iniciativas: a encenação de peças de teatros em portas de fábricas, favelas e sindicatos, por exemplo. O golpe militar de 1964 fecha os CPCs, prende artistas e intelectuais e também leva alguns ao exílio político. Mesmo assim, ecos do projeto do Manifesto do Centro Popular de Cultura reverberam até hoje.

O movimento estudantil é cultura, composto por um conjunto de ideias, formulações, comportamentos, símbolos, práticas sociais e lutas. As modificações trazidas por uma geração passam à geração seguinte, onde vai se transformando, perdendo, incorporando, reinventando outros aspectos. Sendo assim, surge a Bienal da UNE em Salvador-BA, no ano de 1999, grande avanço para UNE retomando as políticas culturais dos estudantes para os estudantes, e resgatando organizadamente o trabalho cultural do movimento estudantil que havia se perdido durante os anos. Em 2001, no Rio de Janeiro-RJ na segunda Bienal surge o Circuito Universitário de Cultura e Arte da UNE (CUCA da UNE), que logo após a Bienal realiza o 1º Seminário do CUCA, responsável pelo estabelecimento de uma coordenação geral do projeto. Hoje o CUCA mantém a cultura e arte do movimento estudantil ativo, nas universidades e nos estados, também ajuda a produzir a Bienal da UNE e realiza seu seminário durante a Bienal, renovando sua coordenação.

Diante desse breve e resumido histórico da UNE e sua relação com a cultura e as artes, e com o intuito de demonstrar a importância da organização das juventudes e dos/as estudantes, da Bienal e de construir e disputar a UNE, chegamos a Fortaleza em 2017 para a construção da 10ª e histórica Bienal, com seu tema “Feira Da Reinvenção” e em comemoração aos 80 anos da UNE. Nós do Coletivo O Estopim! queremos que diante do golpe no Brasil e do avanço do conservadorismo na América Latina e no mundo, todos os espaços do movimento estudantil sirvam para a organização e conscientização da classe estudantil e trabalhadora. Queremos que a esquerda se reinvente, que construa a comunicação, as artes e a cultura para a construção da hegemonia da classe trabalhadora frente ao capital que destrói coisas belas.

Texto por:
Caio Teixeira
Coletivo O Estopim!
Campo Popular da UNE
2º Diretor de Cultura da UNE

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