Primavera Feminista – O feminismo em todas as estações

 

* Por Clareana Cunha

 

As mulheres jovens seguem em luta diariamente, suportando longas jornadas de trabalho, ou no lar, sempre com papeis definidos pelo sistema. Tentando ascender nos meios sociais, ou combatendo o machismo diariamente, vendo na maioria das vezes suas pautas invisibilizadas. É uma luta antiga que acontece por ser jovem e conviver em uma sociedade opressora, patriarcal e de classes.

 

A primavera feminista é fruto de muita luta das mulheres. Quando o conservadorismo atinge de maneira tão intensa os direitos dessas jovens, em projetos como a PL 5069, que insiste em legislar mais sobre a vida dessas mesmas jovens mulheres, que sempre convivem com o medo e vêem naturalizadas cultura do estupro. Por meio dessa primavera feminista as jovens mulheres tiveram a chance de mostrar pra que vieram e como vieram, expor vários gritos não ouvidos pela sociedade, expressos em diversas formas de luta, e que não se contentavam mais com flores no 8 de março. Mulheres que querem transformação cotidiana, construção de políticas públicas que beneficiem as mulheres e as jovens sejam elas quem for. Jovens que lutam pelo o direito ao nosso corpo, descriminalização do aborto, e para não mais seja naturalizado a violência física e psicológica das mulheres.

O feminismo transforma em todas as estações, é desse pulsar que a luta das mulheres tomou grande força em 2015, mas que nunca esteve adormecido dentro dos movimentos de mulheres na luta cotidiana contra o Patriarcado. Com o acirramento de uma pauta conservadora, que atinge apenas as mulheres na tentativa de naturalização de violências contra seus corpos, sem respeitar a diversidade e os direitos humanos, as jovens mulheres foram fio condutor, de uma política de transformação no Brasil. Muito disso aconteceu por meio de novas formas de comunicação, como a internet, já que a grande mídia pouco tratava do assunto.

As campanhas como #MeuAmigoSecreto, #PrimaveradasMulheres, #MulheresContraCunha, mobilizaram de forma diferenciada as redes sociais, ao qual fizeram com que a pauta do feminismo atingisse proporções maiores do que os imaginados.

O Ano de 2015 foi marcado também pela Marcha das Mulheres Negras, a Marcha Mundial das Mulheres e a Marcha das Margaridas, marchas que mobilizaram milhares de mulheres do Brasil inteiro. Quando os ataques à vida e autonomia das mulheres são cotidianos inclusive por aqueles que deveriam cumprir o papel de representantes políticos do Congresso Nacional. No entanto, a atual conformação dessa arena conservadora característica similar a que o país vivenciou nos longos anos de ditadura militar e a ofensiva dos setores mais reacionários, representados na bancada BBB (Bala-Boi-Bíblia) tem afrontado a democracia. Infelizmente, estes supostos representantes, tais como Jair Bolsonaro (PP), Marco Feliciano (PSC), Roberto Freire (PPS), Alberto Fraga (DEM) a Eduardo Cunha (PMDB) têm explicitado em suas proposituras a incompatibilidade entre as necessidades do povo brasileiro e os seus próprios interesses a serviço do grande capital, azeitado pela máquina do patriarcado. Torna-se evidente que existe um vácuo na representatividade política assim como tem sido insuficiente a participação das mulheres nos espaços de poder.

 

E 2016 não será diferente, quando o tema principal do 8 de março é a legalização do aborto, aborto esse que mata mulheres a cada minuto, pois mais de 850 mil mulheres fazem aborto no Brasil anualmente, ainda que a prática não seja legalizada.  As mulheres e, sobretudo as jovens desejam legislar sobre o seu corpo, lutar contra violência sexual e ter seus direitos sexuais e reprodutivos garantidos, sabe-se que na maioria dos países aonde o aborto é legalizado o numero de jovens mortas foi reduzido drasticamente.

 

A Primavera Feminista foi só o começo: O estopim. A nossa luta é pra que a partir de agora venham por ai diversos verões, outonos e invernos feministas. E a nossa luta segue por autonomia ao nosso corpo, por uma sociedade onde a igualdade de gênero seja finalmente conquistada. A nossa luta é acima de tudo: Pela vida das mulheres.

 

Legalizar o aborto. Direito ao nosso corpo!  até que todas sejamos livres!

 

Clareana Cunha é da Direção Nacional do O Estopim ( Coletivo Nacional de Juventude) Membro da Mesa diretora e titular na pasta de jovens feministas do Conjuve

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