Amanha será maior !

* Por Isabella Reges

‘Direita recua, o povo tá na rua’ … ‘Não vai ter golpe, vai ter luta’ (…)
A partir dos gritos entoados pelos cerca de 100 mil manifestantes que saíram às ruas de Belo Horizonte com suas diversas pautas, formas, cores, histórias, trajetórias, percebia-se que ali havia algo muito distinto do que temos visto manifestado nos últimos tempos.

Ao que tudo indica, os manifestantes de ontem em todo o Brasil são pessoas que encaram a luta como atividade cotidiana e permanente. A projeções numéricas sobre as manifestações pela democracia jamais alcançarão a totalidade da presença expressa nas principais avenidas do país no dia 18 de março. A soma de realidades concebida pela pluralidade de perfis, de pensamentos, de bandeiras, de formas , de cores que se deu no grande encontro, sem dúvidas marca a história do Brasil.

Contra toda e qualquer ofensiva golpista, oriunda dos cartéis de comunicação, do parlamento BBB (Bancada da Bala, da Bíblia e do Boi) e até mesmo do poder judiciário, através do movimento de judicialização da política, mais uma vez o povo se junta pra defender a jovem democracia brasileira. Para apontar que é possível aprimorar a democracia mantendo-a e para evidenciar que a caça às bruxas orquestrada desde a apuração das últimas eleições presenciais não será tão fácil como os barões supunham.

Contra todo o ódio e intolerância manifesto sob as cores da bandeira, sob o pretexto de uma suposta luta anticorrupção; contra toda essa ideia de que autoritarismo e força devem sobrepor o diálogo; contra toda a superficialidade ensejada e difundida sobre as razões para não deixar uma presidenta eleita democraticamente governar o seu país, a esquerda se posicionou levando aquilo que tem como arma: afeto, utopia e a certeza de que um país melhor só pode ser construído por nossas mãos.

Se hoje as forças golpistas manipulam nossas principais instituições, é bom que saibam que estas instituições são nossas e que nossos pés estão fincados nas ruas, nossas mãos no trabalho diário e nossas mentes voltadas para a grande missão: a construção do bem estar social pelas vias democráticas, ou seja a sociedade socialista.

Parece que quanto mais tentam nos calar mais fortes ficam nossos gritos pelas reformas estruturais. Acharam que seria fácil mais uma vez golpear o Brasil e afastar da nação a clareza que temos sobre a importância de democratizar os meios de comunicação, de fazer uma reforma política anticorrupção e a reforma tributária. Mas de uma forma muito prática,ontem registramos o recado: estamos em resistência e em vigília permanente pela democracia.

Queremos muito além dessas reformas, elas são apenas o começo e é pra isso que a gente ainda precisa de muitos governos democrático-populares. É pra tentar concertar a cagada de mais de 500 anos de coronelismo, de opressão, de concentração de renda, de alienação de nossas próprias riquezas,de submissão ao mercado internacional,de propaganda capitalista, de violência contra a parcela que realmente constrói este país.

Aos companheir@s de luta diária, de partido, de classe, das ruas, toda a minha gratidão e reverência pelas belíssimas manifestações do dia 18, pela coragem defender aquilo que nem sempre é o mais fácil, mas necessário; pela ousadia de avançar numa conjuntura que impõe retrocessos aos direitos sociais duramente conquistados;pela resiliência em manter acesa a chama da esperança.

Aos manifestantes da CBF , eu convido para nestes tempos de monopólio midiático, de mentiras, de ódio e superficialidades despolitizantes, que busquemos alteridade na história de cada lutador (a) deste país, mantenhamos nossas mentes sãs, nossos corações abertos para o diálogo; alimentemo-nos de amor e conhecimento para uma atuação consciente; façamos uma inflexão e consideremos todo o nosso passado para entender a realidade que está posta ; reforcemo-nos nos princípios socialistas, para estar do lado certo dessa luta de classes que se acirra no Brasil. Inspirados pelo grande filósofo marxista Slavoj Zizek, “Sejamos realistas, exijamos o impossível”.

Todo poder ao povo!

Isabella Reges
Militante socialista do coletivo O Estopim, da Juventude Petista e do Fórum Nacional pela Democratização da Mídia

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